Aplicativo volta a concentrar investimentos nas corridas de táxi
Tecnologia
Publicado em 16/09/2017

Aplicativo volta a concentrar investimentos nas corridas de táxi

Apesar do forte movimento de carros particulares, Easy deixa serviço privado e foca no transporte tradicional

por MARIANA ZIRONDI publicado em 15 de setembro, 2017 - 13:51

Na contramão dos altos investimentos nos serviços de carros privados, Easy Taxi anuncia que vai descontinuar o serviço Easy Go, concorrente direto de Uber, Cabify e 99POP no Brasil. A decisão da companhia é focar apenas nas corridas de táxi e aumentar a qualidade de serviço oferecida no Brasil.

Fernando Matias, CEO da Easy no Brasil, explica que o serviço foi iniciado na segunda metade de 2016 em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A estratégia, com a grande procura e crescimento do uso dos carros privados, foi entrar no mercado competitivo. Para isso, investiram não só no lançamento de Easy Go, como também Easy Economy (táxi com 30% de desconto) e Easy Plus (táxi de alto padrão).

 "Ao longo de um pouco mais de um ano, vimos aumento no uso de táxi, conseguindo ter crescimento mensal de dois dígitos. Começamos a comparar que o momento atual de mercado está levando em consideração a qualidade do serviço ofertado”, comenta Matias. 

Isso porque o serviço de carros privados é mais barato, mas pode deixar a desejar por não ser padrão e não ter fiscalização regular. “Vimos pela base de usuários que as pessoas estão voltando para o táxi por uma questão de qualidade e segurança. Em uma cidade como São Paulo, por exemplo, os táxis têm a vantagem de andar pelas faixas exclusivas e corredores de ônibus”, comenta.

Em junho, notícias começaram a circular no mercado sobre a união de Easy com a espanhola Cabify, que oferece serviço simular ao Uber. Matias afirma que não houve compra, mas sim uma aliança de investimentos em que foi criada uma holding que é sócia das duas empresas. Portanto, a estratégia de desligar Easy Go no Brasil não está relacionada à Cabify. “As duas continuam competindo da mesma forma”.

Interesse nos táxis

Diante desse movimento de interesse pelos serviços de táxi, a Easy entendeu que ter os dois serviços (táxi e carros privados) dividia o foco, os investimentos e reduzia a qualidade oferecida aos usuários. É por isso que, a partir de agora, todo o esforço da companhia está voltado para o transporte tradicional. “Não conseguíamos prestar um bom serviço nos carros privados e estava afetando a capacidade de melhora do aplicativo. A gente acabou tomando essa decisão de focar no táxi e ser mais atraente para as cidades”, comenta Matias.

O mercado saturado de carros privados é apontado pelo executivo como a causa pela estagnação do crescimento das companhias, baixando os índices identificados nos anos anteriores.

Os táxis, por sua vez, têm um grande mercado fora dos aplicativos. De acordo com Matias, quando somados a quantidade de carros cadastrados com a quantidade de chamadas, nem 10% das corridas de táxi acontecem dentro do aplicativo. “Enxergamos nisso uma oportunidade de crescimento e um mercado que está pouco competitivo. Os aplicativos com forte atuação estão muito voltados para o serviço de carros privados. A própria 99, que oferece também as corridas de táxi, não tem focado nisso”.

Projetos

Com a empresa posicionada para os táxis, a Easy analisa a evolução da categoria no Brasil estagnada. Com o surgimento dos aplicativos, muitos motoristas se modernizaram e aderiram às tecnologias. Entretanto, o trabalho da companhia agora está focada em atuar em conjunto com os órgãos públicos para incrementar o modelo de negócio.

“Bandeira 1 e 2 é muito ultrapassado. É preciso melhorar a equação entre oferta e demanda. A tarifa dinâmica, por exemplo, se encaixa bem nessa perspectiva. Outro trabalho que estamos começando é a transferência de dados e informações aos departamentos de transporte. Temos como entender o comportamento e o deslocamento nas cidades e podemos ajudar a criar estratégias efetivas de melhoramento urbano.

Desafios

O maior desafio para o uso de aplicativos no setor ainda é econômica. Ter um smartphone  de qualidade com acesso à internet parece ser algo básico, mas o Brasil tem, em sua maioria, uma população de baixa renda e sem poder alto de compra. Outra questão é a praticidade: pegar um táxi na rua ou que já está parado no ponto é mais fácil do que aguardar que ele venha pelo aplicativo.

Para isso, a companhia se prepara para lançar um serviço que permite ao usuário se conectar ao taxista quando ele já estiver dentro do veículo. Outra novidade é o Easy Pro, que vai instalar plataformas em estabelecimentos comerciais (como shopping e aeroportos, por exemplo), que permitem solicitar o serviço sem precisar do smartphone. “Temos discutido, também, o uso do Bilhete Único ou vale combustível para os táxis. Por que não integrar?”, revela Matias.

A Easy está presente em 12 países da América Latina e em mais de 300 cidades brasileiras. As duas maiores parceiras da marca, segundo Matias, é Visa, com o oferecimento de 40% para os clientes Visa Checkout, e Santander, dando descontos para pagamentos realizados com cartões do banco. 

O serviço EasyGo será descontinuado a partir da próxima segunda-feira (18). 

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